quinta-feira, 2 de maio de 2019

Absorvendo o tabu


Ana Beatriz Soares Portela







O documentário Absorvendo o tabu, produzido por Rayka Zehtabchi relata como a população de uma pequena vila rural ao redor de Delhi, na Índia, lida com a menstruação. O curta, de apenas 26 minutos, pode parecer repetitivo, pois ouve relatos de diversas mulheres sobre como elas são tratadas quando estão menstruadas, mas busca justamente revelar o grande tabu que existe quanto a algo natural que toda mulher enfrenta durante sua vida.


As mulheres desta pequena vila rural não possuem acesso a absorventes, o que faz com que elas utilizem panos nada higiênicos, ou não usem nada. Essas que se sujam de sangue são segregadas da sociedade em diversos âmbitos: religiosos, trabalhista, etc. De acordo com o depoimento de uma das mulheres entrevistadas, muitos templos religiosos as rejeitam por considerar as mesmas sujas, impuras, etc. Além disso, os homens também não possuem conhecimento algum do que seja a menstruação, pelo menos alguns, o que fortalece, ainda mais, a ideia de tabu quanto à menstruação, pois é algo natural que deve ser de conhecimento de todos.

Ao longo do curta um pequeno empresário descobre uma máquina que ajuda na produção de absorventes e a fim de fazer com que as mulheres daquela região saibam da importância da utilização do absorvente para a saúde e higienização das mesmas, ele convida algumas mulheres para começarem a produzi-los. Com isso, as mulheres empreendedoras vão crescendo na produção e levando os absorventes produzidos por elas para outras mulheres, fazendo, assim, uma grande revolução na vida das mulheres da região.

Além disso, trazem autonomia financeira e social para elas, ou seja, de fato é uma grande revolução, ajudando até mesmo no fator psicológico. Enfim, o curta apresenta uma sociedade altamente preconceituosa quanto a um tema que deve ser normal para todos, uma vez que não é uma escolha da mulher, e sim algo unicamente natural do corpo feminino. O filme é uma denúncia do péssimo tratamento dado às mulheres, o que as discrimina e segrega no dia a dia de suas comunidades, sendo algo desumano, apenas por elas estarem no período menstrual.



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