quarta-feira, 12 de junho de 2019

NANETTE


Tamirys Jordânia de Freitas Castelo Branco



Com o nome inspirado em uma ex-namorada, a comediante Hannah Gadsby criou a performance chamada Nanette, estreada em 2017. No seu texto, ela narra seu processo de auto aceitação com relação a sua orientação sexual e as batalhas vividas ao longo dessa construção como pessoa em sociedade, num momento e num lugar em que a homossexualidade era tida como doença.
          Criando levemente algumas tensões ao longo da apresentação, Hannah aborda, pontualmente, questões sociais naturalizadas pela cultura sexista que paira sobre a sociedade atual. Para instigar seus espectadores e levá-los a refletir, a autora da performance conta, de maneira humorada porém incisiva, experiências próprias vividas ao longo de sua história que envolvem violência, preconceito, dentre outras injustiças, fazendo com que o público que a assiste tenha a auto percepção de estar rindo, naquele momento, de algo que não tem a menor graça para quem vive a situação.
          Ao tempo em que faz rir, a apresentação também induz a pensar no real motivo do riso, nas reais intenções que uma piada, categoricamente, tem quando expõe banalmente problemas sérios que a sociedade vive.
          Ao que parece, Nanette é a última apresentação de Hannah na modalidade “stand-up”, pois a comediante afirma que não se sente mais à vontade em ridicularizar a própria condição para proporcionar o riso ao seu público.
Com uma crítica direcionada à héteronormatividade e a outros fatores ligados a ela, a autora do “show” encerra a apresentação alertando para as piadas autodepreciativas que muitas pessoas  que fazem parte da comunidade LGBTQI+ fazem e recebem/permitem ser alvo para serem “aceitas” no meio social estigmatizado, sobretudo aquelas pessoas que possuem aparências que desviam do padrão que a sociedade impôs.

Cine debate 2