Tamirys Castelo Branco
O
texto traz simbologias que marcam a naturalização dos papeis de gênero e da
construção da feminilidade, que a sociedade define como algo inerente à
biologia da mulher. O fato de nascer mulher, segundo o texto, acarreta
automaticamente um contexto de delicadeza, sensibilidade, vulnerabilidade,
dentre outros aspectos que a tornam uma figura frágil em contraponto à figura
do homem.
Desde a infância a mulher é
condicionada aos papeis que a sociedade determina como inerentes ao indivíduo
feminino. “Compramos bonecas, casinhas, forninhos e espelhinhos para as
meninas, treinando-as para a tradicional função de mães e donas de casa e
incentivando sua vaidade”. A menina quando nasce, fica cercada de objetos e
cores que a induzem para a maternidade, aos cuidados com o lar, com a família
em geral. Este fato fortalece o discurso de que a mulher “leva mais jeito pra
isso”. Outro fator utilizado para reforçar que a mulher é vulnerável é a
questão da histeria relacionada ao ciclo menstrual.
Apesar
da vinculação da histeria a causas biológicas, o que se observa, na verdade,
era que usava-se a histeria, muitas vezes, como forma de tornar patológicos
comportamentos femininos que fugissem às normas sociais da época, posturas
consideradas indevidas para uma mulher.
Em outras palavras, a mulher
transgressora, que rompia com os padrões comportamentais pré-definidos como
aceitáveis para ela, era tida como doente, insana. E apesar de atualmente a
medicina ter avançado nesse aspecto da tornar patológico comportamentos
agressivos em mulheres, essa cultura ainda é bastante forte na
contemporaneidade.
Ainda nesse contexto, o texto afirma
que, com as mulheres negras, a segregação e o preconceito são ainda maiores por
conta dos estereótipos a elas atribuídos. Em resumo, “é a ideia de que mulheres
negras, ao contrário das brancas, teriam uma tendência natural a ser mais
agressivas e escandalosas”.
A questão espacial também é outro fator
que determina a dominação masculina. O espaço ocupado pelo homem demonstra que
ele predomina no ambiente de forma a estar sempre a frente da mulher, como
mostra o trecho a seguir: “Já aconteceu de você estar lá, quietinha, ocupando o
espaço do seu banco e um homem se sentar ao seu lado com as pernas
superabertas? Então, é disso que estamos falando”. Diante de uma situação como
esta, é comum que as mulheres recuem do seu espaço.
Ao tempo em que uma
mulher que consegue ocupar um cargo reconhecido como masculino é desvalorizada,
um homem ao ocupar um cargo predominantemente feminino – como se tornar chef de
cozinha ou cuidar dos filhos em casa – é elevado a um pedestal de “Homão da
porra”. É necessário trabalhar, incansavelmente, para a desconstrução da
naturalização dos papeis determinados como femininos e masculinos.
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