segunda-feira, 8 de abril de 2019

Construção da feminilidade: a naturalização dos papeis de gênero

Tamirys Castelo Branco




O texto traz simbologias que marcam a naturalização dos papeis de gênero e da construção da feminilidade, que a sociedade define como algo inerente à biologia da mulher. O fato de nascer mulher, segundo o texto, acarreta automaticamente um contexto de delicadeza, sensibilidade, vulnerabilidade, dentre outros aspectos que a tornam uma figura frágil em contraponto à figura do homem.
Desde a infância a mulher é condicionada aos papeis que a sociedade determina como inerentes ao indivíduo feminino. “Compramos bonecas, casinhas, forninhos e espelhinhos para as meninas, treinando-as para a tradicional função de mães e donas de casa e incentivando sua vaidade”. A menina quando nasce, fica cercada de objetos e cores que a induzem para a maternidade, aos cuidados com o lar, com a família em geral. Este fato fortalece o discurso de que a mulher “leva mais jeito pra isso”. Outro fator utilizado para reforçar que a mulher é vulnerável é a questão da histeria relacionada ao ciclo menstrual.
Apesar da vinculação da histeria a causas biológicas, o que se observa, na verdade, era que usava-se a histeria, muitas vezes, como forma de tornar patológicos comportamentos femininos que fugissem às normas sociais da época, posturas consideradas indevidas para uma mulher.
Em outras palavras, a mulher transgressora, que rompia com os padrões comportamentais pré-definidos como aceitáveis para ela, era tida como doente, insana. E apesar de atualmente a medicina ter avançado nesse aspecto da tornar patológico comportamentos agressivos em mulheres, essa cultura ainda é bastante forte na contemporaneidade.
Ainda nesse contexto, o texto afirma que, com as mulheres negras, a segregação e o preconceito são ainda maiores por conta dos estereótipos a elas atribuídos. Em resumo, “é a ideia de que mulheres negras, ao contrário das brancas, teriam uma tendência natural a ser mais agressivas e escandalosas”.
A questão espacial também é outro fator que determina a dominação masculina. O espaço ocupado pelo homem demonstra que ele predomina no ambiente de forma a estar sempre a frente da mulher, como mostra o trecho a seguir: “Já aconteceu de você estar lá, quietinha, ocupando o espaço do seu banco e um homem se sentar ao seu lado com as pernas superabertas? Então, é disso que estamos falando”. Diante de uma situação como esta, é comum que as mulheres recuem do seu espaço.
Ao tempo em que uma mulher que consegue ocupar um cargo reconhecido como masculino é desvalorizada, um homem ao ocupar um cargo predominantemente feminino – como se tornar chef de cozinha ou cuidar dos filhos em casa – é elevado a um pedestal de “Homão da porra”. É necessário trabalhar, incansavelmente, para a desconstrução da naturalização dos papeis determinados como femininos e masculinos.

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