Cecília Braz Arcanjo
“Olha Brasília está florida
Estão chegando as decididas
Olha Brasília está florida
É o querer, é o querer das Margaridas
Somos de todos os novelos
De todo tipo de cabelo
Grandes, miúdas, bem erguidas
Somos nós as Margaridas
Nós que vem sempre suando
Este país alimentando
Tamos aqui para relembrar
Este país tem que mudar!”
Elas são camponesas, produtoras,
trabalhadoras, agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras, ribeirinhas.
As Margaridas se reúnem a cada quatro anos na capital brasileira, em forma de
marcha, para reivindicar direitos e políticas públicas voltadas às
trabalhadoras do campo. Em 2019, a Marcha das Margaridas reuniu cerca de 100
mil mulheres no coração de Brasília, inundando o Eixo Monumental de roxo, cor
oficial da marcha. Aos poucos a Esplanada dos Ministérios foi sendo colorida,
ocupada por flores e cantos, tambores e violas, saias e chapéus floridos,
tintas e penas.
O lema da Marcha esse ano foi “Margaridas
na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e
livre de violência". A organização da Marcha elaborou uma Plataforma
Política, organizada em eixos temáticos, que nasceu de discussões e reflexões
acerca dos desafios vivenciados pelas trabalhadoras rurais. Mais do que uma
pauta única, as Margaridas apresentam propostas concretas para avançar na
construção de uma sociedade democrática, mais igualitária e com respeito à
natureza. Os eixos temáticos incluem desde temas ligados à biodiversidade e conservação
ambiental até assuntos que englobam a autonomia e liberdade das mulheres.
Assim, a defesa do meio ambiente
é pauta central do movimento, porém as mulheres não esgotam suas reivindicações
nesse campo. Elas trazem à tona um debate complexo, que abrange a dominação
patriarcal que permeia as relações humanas, a opressão nas formas de trabalho,
o racismo estrutural e a intolerância religiosa como instrumentos de dominação
sobre as mulheres, promovendo a violência contra seus corpos e ameaçando sua existência.
Dentre as bandeiras levantadas por elas estão a luta pela proteção social do
trabalho, o direito de acesso ao SUS, a reforma agrária, a demarcação das
terras indígenas, a preservação das florestas, a educação pública de qualidade
e o combate ao racismo, à violência, ao trabalho escravo e à exploração da
natureza.
Em suma, as Margaridas alimentam
o sonho por uma sociedade mais igualitária e diversa, desenvolvida
sustentavelmente e pautada pelos pilares da justiça e soberania dos povos, nos deixando
uma lição de democracia e justiça social!
O nome da marcha é uma homenagem à Margarida Maria Alves, ex-presidente
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, assassinada
em 1983 por latifundiários. Nada mais vivo e atual do que rememorar a luta de
mulheres guerreiras como Margarida. Mal sabem eles que, quando nos podam, viramos
semente!
Como diz nosso canto feminista “Companheira me ajude/ Que eu não posso
andar só/ Eu sozinha ando bem/ Mas com você ando melhor”.
Juntas somos mais fortes!
Margarida vive!
Para saber mais sobre a Marcha das Margaridas, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário