Tamirys
Jordânia de Freitas Castelo Branco
Com
o nome inspirado em uma ex-namorada, a comediante Hannah Gadsby criou a
performance chamada Nanette, estreada
em 2017. No seu texto, ela narra seu processo de auto aceitação com relação a
sua orientação sexual e as batalhas vividas ao longo dessa construção como
pessoa em sociedade, num momento e num lugar em que a homossexualidade era tida
como doença.
Criando levemente algumas tensões ao
longo da apresentação, Hannah aborda, pontualmente, questões sociais
naturalizadas pela cultura sexista que paira sobre a sociedade atual. Para
instigar seus espectadores e levá-los a refletir, a autora da performance
conta, de maneira humorada porém incisiva, experiências próprias vividas ao
longo de sua história que envolvem violência, preconceito, dentre outras
injustiças, fazendo com que o público que a assiste tenha a auto percepção de
estar rindo, naquele momento, de algo que não tem a menor graça para quem vive
a situação.
Ao tempo em que faz rir, a apresentação
também induz a pensar no real motivo do riso, nas reais intenções que uma
piada, categoricamente, tem quando expõe banalmente problemas sérios que a
sociedade vive.
Ao que parece, Nanette é a última
apresentação de Hannah na modalidade “stand-up”, pois a comediante afirma que
não se sente mais à vontade em ridicularizar a própria condição para
proporcionar o riso ao seu público.
Com
uma crítica direcionada à héteronormatividade e a outros fatores ligados a ela,
a autora do “show” encerra a apresentação alertando para as piadas
autodepreciativas que muitas pessoas que
fazem parte da comunidade LGBTQI+ fazem e recebem/permitem ser alvo para serem
“aceitas” no meio social estigmatizado, sobretudo aquelas pessoas que possuem
aparências que desviam do padrão que a sociedade impôs.
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