Ana Beatriz Soares Portela
O documentário Absorvendo o tabu, produzido
por Rayka Zehtabchi relata como a população de uma pequena vila rural ao redor
de Delhi, na Índia, lida com a menstruação. O curta, de apenas 26 minutos, pode
parecer repetitivo, pois ouve relatos de diversas mulheres sobre como elas são
tratadas quando estão menstruadas, mas busca justamente revelar o grande tabu
que existe quanto a algo natural que toda mulher enfrenta durante sua vida.
As mulheres desta pequena
vila rural não possuem acesso a absorventes, o que faz com que elas utilizem
panos nada higiênicos, ou não usem nada. Essas que se sujam de sangue são
segregadas da sociedade em diversos âmbitos: religiosos, trabalhista, etc. De
acordo com o depoimento de uma das mulheres entrevistadas, muitos templos
religiosos as rejeitam por considerar as mesmas sujas, impuras, etc. Além
disso, os homens também não possuem conhecimento algum do que seja a
menstruação, pelo menos alguns, o que fortalece, ainda mais, a ideia de tabu
quanto à menstruação, pois é algo natural que deve ser de conhecimento de
todos.
Ao longo do curta um
pequeno empresário descobre uma máquina que ajuda na produção de absorventes e
a fim de fazer com que as mulheres daquela região saibam da importância da
utilização do absorvente para a saúde e higienização das mesmas, ele convida
algumas mulheres para começarem a produzi-los. Com isso, as mulheres
empreendedoras vão crescendo na produção e levando os absorventes produzidos
por elas para outras mulheres, fazendo, assim, uma grande revolução na vida das
mulheres da região.
Além disso, trazem
autonomia financeira e social para elas, ou seja, de fato é uma grande
revolução, ajudando até mesmo no fator psicológico. Enfim, o curta apresenta
uma sociedade altamente preconceituosa quanto a um tema que deve ser normal
para todos, uma vez que não é uma escolha da mulher, e sim algo unicamente
natural do corpo feminino. O filme é uma denúncia do péssimo tratamento dado às
mulheres, o que as discrimina e segrega no dia a dia de suas comunidades, sendo
algo desumano, apenas por elas estarem no período menstrual.
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