sábado, 13 de abril de 2019
segunda-feira, 8 de abril de 2019
Construção da feminilidade: a naturalização dos papeis de gênero
Tamirys Castelo Branco
O
texto traz simbologias que marcam a naturalização dos papeis de gênero e da
construção da feminilidade, que a sociedade define como algo inerente à
biologia da mulher. O fato de nascer mulher, segundo o texto, acarreta
automaticamente um contexto de delicadeza, sensibilidade, vulnerabilidade,
dentre outros aspectos que a tornam uma figura frágil em contraponto à figura
do homem.
Desde a infância a mulher é
condicionada aos papeis que a sociedade determina como inerentes ao indivíduo
feminino. “Compramos bonecas, casinhas, forninhos e espelhinhos para as
meninas, treinando-as para a tradicional função de mães e donas de casa e
incentivando sua vaidade”. A menina quando nasce, fica cercada de objetos e
cores que a induzem para a maternidade, aos cuidados com o lar, com a família
em geral. Este fato fortalece o discurso de que a mulher “leva mais jeito pra
isso”. Outro fator utilizado para reforçar que a mulher é vulnerável é a
questão da histeria relacionada ao ciclo menstrual.
Apesar
da vinculação da histeria a causas biológicas, o que se observa, na verdade,
era que usava-se a histeria, muitas vezes, como forma de tornar patológicos
comportamentos femininos que fugissem às normas sociais da época, posturas
consideradas indevidas para uma mulher.
Em outras palavras, a mulher
transgressora, que rompia com os padrões comportamentais pré-definidos como
aceitáveis para ela, era tida como doente, insana. E apesar de atualmente a
medicina ter avançado nesse aspecto da tornar patológico comportamentos
agressivos em mulheres, essa cultura ainda é bastante forte na
contemporaneidade.
Ainda nesse contexto, o texto afirma
que, com as mulheres negras, a segregação e o preconceito são ainda maiores por
conta dos estereótipos a elas atribuídos. Em resumo, “é a ideia de que mulheres
negras, ao contrário das brancas, teriam uma tendência natural a ser mais
agressivas e escandalosas”.
A questão espacial também é outro fator
que determina a dominação masculina. O espaço ocupado pelo homem demonstra que
ele predomina no ambiente de forma a estar sempre a frente da mulher, como
mostra o trecho a seguir: “Já aconteceu de você estar lá, quietinha, ocupando o
espaço do seu banco e um homem se sentar ao seu lado com as pernas
superabertas? Então, é disso que estamos falando”. Diante de uma situação como
esta, é comum que as mulheres recuem do seu espaço.
Ao tempo em que uma
mulher que consegue ocupar um cargo reconhecido como masculino é desvalorizada,
um homem ao ocupar um cargo predominantemente feminino – como se tornar chef de
cozinha ou cuidar dos filhos em casa – é elevado a um pedestal de “Homão da
porra”. É necessário trabalhar, incansavelmente, para a desconstrução da
naturalização dos papeis determinados como femininos e masculinos.
“Eu Não Sou um Homem Fácil”
Daniela Dantas
Patriarcado
ou matriarcado? O filme Eu não sou um
homem fácil trata exclusivamente do outro lado da moeda. Na sociedade
atual, e não só nela, as mulheres passam por inúmeras perseguições
e restrições pelo simples fato de serem mulheres. O homem foi condicionado pela
própria sociedade a ser, ou pelo menos, se sentir superior a mulher. O filme, dirigido por Éléonore Pourriat, retrata essa problemática de uma maneira em que um
homem, por meio de um pequeno acidente bate a cabeça e quando acorda está vivendo
em uma sociedade onde a mulher passa a ser o ser cheio de superioridade. Ainda
assim ele não se conforma e tenta impor sua masculinidade, frustrando-se,
pois ele passa a ser oprimido pelo matriarcado assim como na realidade as
mulheres são oprimidas pelo patriarcado. Depilação, corpo perfeito, formas de
vestimentas, maneiras de comportamento, como andar, falar, comer. O homem sofre
por todas essas imposições, enquanto as mulheres assumem a posição de serem aquelas que impõem como a vida deve ser.
Acredito
que o maior objetivo do filme é combater o machismo e mostrar que tudo quando
generalizado torna-se um grande problema. Não existe alguém maior ou melhor na sociedade, não existe um sexo superior ao outro, o que deve existir são pessoas
iguais socialmente. Tudo generalizado é altamente tóxico. Aquilo que é
equilibrado estabelece o equilíbrio na sociedade. O combate ao machismo não é um
capricho inventado por mulheres, o combate ao machismo é o combate a uma
sociedade patriarcal que vem desde sempre querendo limitar as mulheres, por serem
mulheres. O filme tenta de uma forma um tanto cômica quebrar esses paradigmas
patriarcais que fazem a sociedade retroceder dia após dia.
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